segunda-feira, junho 23, 2008

A procura do seu Porto de Abrigo..


É a ignorância de hoje em dia..
Oferece-se em qualquer lado..de qualquer forma..enfeitada da maneira mais façil que o ser humano conhece..através da arrogância..
Olho para ele e oiço o que os seus olhos querem dizer mas ninguém ouve..”também sou humano” “mas nao tenho direito a isso..” silêncio…As suas mãos enrrogadas,sujas e grossas contam por onde andou..algures a procura de um sitio onde descansar esta noite..de um sitio onde possa repousar as suas asas..a procura de um porto de abrigo..

De modo a não incomodar ninguém..porque ele incomoda..
É o medo de muita gente e a realidade de todos...Infelizmente..O vento frio de Dezembro e o calor imenso dos dias de Agosto estragaram-lhe o rosto queimado e sujo..a liberdade dele colocou-o no patamar mais baixo desta cidade..uns quantos documentos chega para saber que existe...
A senhora do restaurante deu-lhe ontem uns restos..deu para matar a fome negra daquele dia..e assim dormir um pouco mais aconchegado..pois amanhã não sabe se irá comer ou até beber..pode ser que alguém lhe dê uma moeda para comprar pão..
Três sacos,uma gabardine cheia de poeira e a cheirar a esgoto transportam o que resta de sua casa..anda com eles pendurados ou deixa-os ao lado do caixote do lixo onde procura comida..neste não há nada..ali a frente há mais um..
De repente alguém se aproxima..estende a mão com um sorriso e diz:
desculpe..mas não consigo continuar a vê-lo assim..aceite isto, não é muito mas ajuda!”
Ele aceita, fixa o rosto daquele “alguém” olha para o lado, pega nos sacos e vai-se embora…seguiu o seu destino..a procura de mais um porto de abrigo porque aquele não lhe dá o que ele realmente necessita..
Outro “alguém” se dirige quando tenta descansar as suas pernas magras e fracas na calçada da entrada de um supermercado..”Ponha-se a andar daqui pra fora já!!” prega um pontapé nas suas coisas e fica a espera..”não o aviso mais vez nenhuma
Baixa a cabeça, levanta-se, segue em frente sem olhar onde vai e cheio de vergonha..
Partiu de novo a procura do lugar que lhe pertence…do seu Porto de Abrigo

É assim em Portugal. Mesmo a porta de nossa casa..ou no fim da nossa rua..
As pessoas cada vez menos olham para os outros..já nada lhes diz respeito..a ignorância venceu mais uma vez…o que vale é que há sempre alguém que prevalece…
E tu amigo albatroz por onde navegas hoje? Embora tenhas sempre o teu porto de abrigo seguro sei que não abdicarias de ajudar outro navegante sem rumo deste oceano…
Mas teres esse teu espírito e vontade de o fazer já é bom..pois nem todos os que navegam transportam consigo essa grande essência de querer ajudar o próximo…

Um comentário:

B. disse...

Querer ajudar o outro nem sempre é fácil… Se “a liberdade dele colocou-o no patamar mais baixo desta cidade”, a nossa falta de liberdade colocou-nos no patamar mais ridículo…
Como disse Gabriel G. Marquez… Um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.
Para ajudar o outro é preciso ter respeito por ele e por nós próprios…